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segunda-feira, 25 de maio de 2015

Para Leonardo Boff, o cuidado deve ser projeto civilizatório


“Eu queria me apresentar como velho e agitador cultural”. Assim o escritor, filósofo e professor Leonardo Boff se denominou em seu painel central no I Fórum Internacional de Cuidados Alternativos, arrancando risos e aplausos da plateia. Com a serenidade que lhe é cara, o pensador apontou o cuidado, tema de sua fala, em suas múltiplas definições. “É a categoria que qualifica a prática de vocês”, disse. 
 
Em primeiro lugar, o cuidado é um paradigma novo. “É um conjunto de ideias, visões e sonhos, maneiras de interpretar a realidade, de habitar o planeta, um complexo de noções que estruturam a sociedade. Ele se opõe ao velho paradigma da conquista, que já chegou ao seu limite, desequilibrando o nosso próprio planeta e destruindo as bases físico-químicas que sustentam a vida”.
 
O cuidado também é uma metodologia. “Se nós nos cuidássemos uns aos outros, não precisaríamos ter medo e viveríamos em uma sociedade serena, tranquila, de pessoas civilizadas. Numa sociedade menos perversa, como diria Paulo Freire. É uma metodologia, uma forma de nos acercarmos da realidade”. 
 
Em terceiro lugar, o cuidado também é uma ética. “A ética do cuidado é a da compaixão, de se colocar no lugar do outro e, a partir do outro, caminhar junto. Hoje é urgentíssima porque o que predomina são as forças do negativo, da violência, da guerra, da palavra que humilha. Uma situação de grande impiedade e crueldade”. 
 
O cuidado também é uma espiritualidade. “É um dado da profundidade do ser humano, que na sua essência é um ser de cuidado e precisa ser cuidado, onde se encontra a dialética de sua existência. Incorpora valores não materiais, intangíveis, que não são comprados, mas feitos de solidariedade, compaixão, amor. Tudo isso constitui os conteúdos fundamentais do cuidado. A maneira de viver o profundo do ser humano” analisou. 
 
Esse conjunto de valores, segundo Boff, estão presentes no trabalho fim da Aldeias Infantis, tal como nas demais organizações presentes no Fórum. “Normalmente o realizamos de forma natural, porque estão na natureza humana. Mas, o importante é transformar o cuidado em um projeto existencial, civilizatório. Conscientemente vamos cuidar de tudo, começando com aqueles últimos, condenados a serem invisíveis, com os quais vocês realmente trabalham”, garantiu.               
 
Por Rodrigo Zavala, jornalista voluntário. 

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